A alma se alimenta de experiências. É ela que recolhe os sabores, os encontros, os gestos de cada instante. Vive daquilo que vê e sente, como quem guarda num relicário as pequenas pedras preciosas do caminho. A alma é sede da memória e da esperança; é nela que repousam as cicatrizes e também os sonhos.
O espírito, por sua vez, pulsa sempre. Não depende de circunstâncias ou condições. Ele é como chama que jamais se apaga — pode estar oculta sob cinzas, mas basta um sopro para revelar seu ardor. Enquanto a alma deseja se saciar no mundo, o espírito se basta em si, fonte inesgotável que liga o humano ao eterno.
Entre ambos, o corpo é o mediador. É ele quem dá forma ao invisível e gesto ao indizível. O corpo é o campo onde a alma e o espírito habitam. Ao mesmo tempo em que sente a fome, a dor, o prazer e o descanso, também se abre para vibrações sutis, para presenças que ultrapassam o material.
Os antigos sabiam que cuidar do corpo não é vaidade, mas reverência à totalidade da existência. Assim como o cosmos guarda equilíbrio em meio ao caos, também o corpo precisa encontrar harmonia para que alma e espírito possam dançar.
♥️ Estar vivo é ser ponte entre o visível e o invisível. O corpo, enfim, não é prisão: é templo, altar e horizonte.
