Em 2015, estive no México.
Não sei se foi uma viagem ou um chamado — daqueles que vêm do fundo da Terra e alcançam a pele.
Visitei ruínas maias, nadei com golfinhos, mergulhei num recife tão claro que parecia aquário.
Mas era mundo.
Real. Vivo. Respirando por dentro.
Entre as pedras antigas, tive a nítida sensação de estar sendo observado.
Não por gente, mas por tempo.
🌓 Os povos da América Central — maias, astecas, olmecas — olhavam para o céu com uma sabedoria que hoje ainda nos espanta.
Conheciam constelações, criaram calendários lunares e solares, mapeavam eclipses, celebravam o equinócio e erguiam templos alinhados ao nascer do sol.
O Sol era divindade e relógio. Era fogo que marca o tempo e renova a vida.
Dizem que um meteoro caiu na península de Yucatán.
Pobres Dinos…
Mas talvez tenha sido o começo da memória humana do céu.
🌞 E falando em Sol…
Venho de uma terra onde ele ainda governa.
Natal – RN — a Cidade do Sol.
Entre as capitais brasileiras, é a mais ensolarada do ano.
Aqui, o calor tem rosto. A luz tem gesto.
E os nativos de outrora, os potiguares, bem sabiam disso.
As vezes imagino eles olhando para a lua cheia sobre as dunas, em noites sem lâmpadas, guiados apenas por estrelas e instinto. O que será que deviam pensar? Um eclipse?
☄️ Mas foi do outro lado do continente que vi um fogo que me atravessou por dentro…
🔥 Yosemite Firefall: quando o céu cuspia fogo
Entre o século XIX e 1968, no Parque Nacional de Yosemite, EUA, uma tradição insólita ganhava as noites: jogavam brasas incandescentes do alto do penhasco Glacier Point.
Era a chamada Yosemite Firefall — uma “cachoeira de fogo” feita por mãos humanas para entreter hóspedes do antigo hotel.
Brasas rolavam como lava em queda livre, criando um espetáculo que podia ser visto a quilômetros.
✨ Poético e perigoso.
Por isso, acabou. A prática foi encerrada em 1968, por motivos ambientais.
Mas a Terra — sábia e generosa — inventou uma versão própria, muito mais bonita.
💧🔥 Horsetail Fall: quando a água vira fogo
De tempos em tempos, no fim do inverno, o sol se inclina num ângulo exato.
E a cachoeira Horsetail, também em Yosemite, vira luz líquida.
O que se vê não se explica: a água, ao ser tocada pelos últimos raios dourados do entardecer, parece incendiar-se.
Uma chama viva, dançando em queda.
É o fogo da natureza — espontâneo, preciso, silencioso.
Agora, se imagine um nativo, de tempos bem lá atrás, andando em um parque numa tarde, de repente a água começa a pegar fogo na cachoeira. Que tu faz? Pensa que é um “E.T.” e sai correndo? Conta aí!
🎼 Nature’s Symphony: a música que a Terra faz
Enquanto escrevo, ouço Nature’s Symphony – Tropic Vibrations.
Parece que os sons vieram das pedras antigas do México, dos ventos que tocam o topo do Monte Roraima, das ondas que banham as praias de Natal ou do Sol que atravessa as folhas da floresta.
Sim, há uma sinfonia em curso.
Não a escrita por humanos — mas aquela composta por água, luz, árvores e abismos.
Basta parar para escutar.
🎧 Ouça: Nature’s Symphony – Tropic Vibrations
YouTube: @tropicvibration
🌕 A Lua, o céu — e o que ainda nos move
À noite, quando o mundo silencia,
as estrelas respiram.
Não porque têm pulmões —
mas porque nós respiramos diante delas.
A Lua não é morta.
É apenas mais velha.
E nos olha com a sabedoria de quem já viu
muitos planetas enlouquecerem e depois voltarem a cantar.
🔥
.Queimar nunca foi o problema.
O problema é esquecer que o fogo também dança.
Svena, viajante.
Boa noite, Terra.
— Fernando P. Souza
Flua na imanência do Ser
