Tudo que existe arde — A Paixão Imanente em fluxo e presença

Tudo que existe arde
Tudo que se move, vive.
O fogo não é só elemento — é substância da realidade.
Força imanente que consome para revelar,
que destrói para renovar.
Queimar é purificar.
No mundo, o fogo não busca repouso.
Não deseja fim.
Ele se atualiza a cada faísca.

(trecho do livro “A Imanência do Ser”)

Mas e você…
já se perguntou como viver uma paixão assim — que arde sem destruir, que aquece sem consumir?

Será que a paixão precisa ser explosão para ser real?
Ou será que ela pode se espalhar como brasas calmas, reacendendo a vida em gestos simples, em silêncios que tocam, em encontros que deixam rastro?

Imagem Pinterest

Sentiu a pressão?

A imagem acima é de uma das esculturas mais intensas do barroco italiano: “O Rapto de Prosérpina” (ou “O Rapto de Perséfone”), de Gian Lorenzo Bernini, esculpida entre 1621 e 1622, quando ele tinha apenas 23 anos.

Ela retrata o momento em que Hades (Plutão), deus do submundo, rapta Perséfone (Prosérpina), filha de Deméter, para fazê-la sua esposa no reino dos mortos.

É escultura que vibra, pulsa — quase respira.
O mármore vira carne.
A mão de Hades afunda na coxa de Perséfone como se fosse pele viva.
O cabelo dela voa em desespero.
O rosto, entre resistência e clamor.
A cena congela o instante do roubo, da ruptura, do inaceitável.

Perséfone, a alma em transição, é o centro da cena.
Ela representa mais que uma vítima: encarna o trânsito entre mundos.
É símbolo do ciclo: vida–morte–renascimento, do qual ninguém escapa.

Mesmo na dor, Perséfone se tornará Rainha do Submundo.
Esse é o paradoxo: aquilo que nos rasga, também pode nos coroar.

Ali, a pressão no mármore parece absurda.
A mão afunda, deixa marca — Bernini esculpiu o impossível: o toque, a força, a violação.
É o barroco dizendo: “o sublime não é limpo — é violento, é excesso.”

Mas atenção: O rapto não é romance. É ruptura da liberdade.
Por isso, o que vemos não é paixão — mas o poder sem consentimento.


✧ Paixão não é posse. É presença.

Paixão verdadeira é intensidade intencional.
É desejo que não domina — mas se entrega.
É presença viva que arde, mas não consome o outro.
É o gesto inteiro que diz: “eu quero, e não preciso te possuir pra isso.”

Encontrar um caminho que transforme essa entrega — esse impulso do ser — em algo duradouro é desafiante.
Há quem recomende parcimônia.
E há quem diga: aceite os sentimentos como vierem.

Mas isso pode trazer uma experiência intensa — e muitas vezes, sim, avassaladora.

E eu? Eu escolho essa intensidade.

Eu, Fernando, declaro: prefiro a experiência intensa!
Creio na força da Paixão quando existo em seu centro.
Heráclito me chama: não se pisa no mesmo rio duas vezes.
Tudo muda. Tudo arde.
A única constante no universo é o Fluxo.

Por isso, cada suspiro importa.

E se, em vez de buscar grandes feitos, a gente colocasse como meta do dia encontrar alguém que nos dá prazer em estar presente?
Só isso. Um encontro bom. Um afeto vivo. Um café demorado.
Os ingredientes estão ali: a escuta, o desejo de ser, o brilho no olho.
Tudo conspira a favor da felicidade quando não se exige dela espetáculo.

A paixão não é o contrário da calma.
Ela não precisa ser barulho, nem grandiosidade.
Ela é a urgência de estar inteiro — no que quer que estejamos vivendo.

A paixão mora onde não se retém energia.
Onde não se posterga o gesto.
Onde o agora é suficiente.

Seja lá onde você estiver, que a sua presença te traga um pouco de sal, um pouco de silêncio, e uma colher cheia do que te faz querer viver.

Viver a paixão não é viver em chamas, é viver com verdade. É deixar o agora ser o suficiente. É permitir que a Imanência nos invada sem resistência.
E nisso, a gente se torna aquele que ama ser.

Se tudo que existe arde —
então que queimemos por dentro de vida.

Tem gente que prefere ganhar um milhão por dia — respeito.
Mas o meu milhão… traga em cuscuz, por favor.

Cultivar o silêncio amplia a presença no ambiente.
Eu ouço, vejo, sinto, penso, rio se preciso — mas em silêncio.
Busco fazer o mínimo de ruído e permito o momento existir.
Forço a mente a estar lúcida e presente.
Neste movimento, encontro a presença — aquele eu que amo estar.

Por isso, cada instante vivido com inteireza me revela o valor de um suspiro: o sal do suor, o ardor do corte no lábio, o desejo que pulsa.
Desejo indomável.

Essa urgência, essa energia que só a Imanência concede, não pode ser retida.

A ciência diz que dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço no mesmo instante.
Mas a Paixão Imanente escapa, sutilmente, dessa regra.

Na Imanência, o desejo dissolve as fronteiras —
e o Alfa e o Ômega se tocam no mesmo suspiro.”


⚜️ Em sintonia,
Fernando.


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Por Fernando P. Souza

"Crio mundos com palavras. Amante do café e dos direitos naturais do homem.  Escrevo sobre dignidade, liberdade e o peso leve da existência."

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