Um cuscuz bem feito cura o mundo aos poucos.”
(versão sagrada, com parmesão, xêro e travessia)
Ingredientes do mundo real:
– Flocos de milho (que já vêm sabendo onde querem chegar)
– Água na medida do afeto
– Sal (pouco, pois o sabor vem de dentro)
– Parmesão ralado (abundante como ternura)
– Ovo (mexido com memória)
– Tomate cortado com a mão
– Calabresa tostada no tempo certo
– Azeitonas que lembram ancestralidade
– Fio de óleo de coco (ou o segredo da castanha)
– Requeijão (de colher cheia, como quem ama sem medida)
– Um café fresco e forte, esse não pode faltar.
Modo de travessia:
1. Molhe os flocos com cuidado. Nem muito, nem pouco. Deixe que eles te digam quando é hora de parar.
2. Coloque na cuscuzeira como quem prepara um altar: firme, mas com amor.
3. Cozinhe em silêncio, ouvindo o vapor — ele conta segredos.
4. Enquanto isso, refogue a calabresa, abra as azeitonas, fatie o tomate, mexa o ovo, se derrame no parmesão.
5. Monte o prato com liberdade: empilhe o cuscuz, regue com óleo de coco, cubra com tudo que aquece.
6. Sirva com café feito na hora. Sinta o cheiro. Chama aquela pessoa que tu gosta pra compartilhar, dá um xêro bem gostoso na pessoa, como que faz uma oração em forma de agradecimentoà vida.
7. Coma devagar. Esse cuscuz é consagração.
Não há receita para a vida, mas há dias em que o cuscuz nos ensina.”