
Há um ser em mim, que não passou.
Fica ali, debruçado na janela do tempo, esperando que eu volte inteiro.
Ele não cobra.
Mas observa.
É Quando mais sou.
Nesse silêncio sem plateia, eu trago pra ele minhas conquistas — como quem oferece medalhas a um rei sem trono.
Em troca, peço de volta o que é dele por essência: a ousadia de sonhar sem freios, a criatividade picante que desafia o tédio do mundo.
Aquelas qualidades vivas da infância, livres da censura do mundo, com potência e transgressão, sem medo da intensidade ou da cor.
Esse é o pacto secreto, entre o ser que venci sendo, e o menino que insiste em me manter vivo.
Quando o olhar do outro não invade,
Quando o julgamento não reprime,
O ser autêntico pode escapar.
Aqui está a imanência velada, do ser profundo que só se manifesta no íntimo.
— Fernando P. Souza, 2025.
